O presidente da CPI
da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB)
Partidos que integram a CPI criada na Câmara para investigar o
esquema de corrupção na Petrobras fizeram acordo para não convocar os políticos
supostamente envolvidos no caso. Aqueles que quiserem se manifestar poderão ir
voluntariamente à comissão em uma condição mais confortável, já que não falarão
sob juramento.
A manobra, além de garantir a blindagem de seus quadros na CPI,
tem por objetivo deixar para o Conselho de Ética o ônus de punir parlamentares.
O primeiro investigado a comparecer voluntariamente à CPI foi o
presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Durante quatro horas e meia, Cunha
foi alvo de pouquíssimos questionamentos, mas recebeu uma série de elogios e
declarações de apoio por parte de partidos governistas e oposicionistas.
Para evitar longas sessões de desagravos, o presidente da
comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), deve delimitar o tempo para depoimentos
voluntários.
PSOL e PPS apresentaram requerimentos para convocar todos os
parlamentares citados pela Procuradoria-Geral da República na lista entregue ao
Supremo Tribunal Federal. São 22 deputados e 12 senadores com mandato.
Hugo Motta diz que todos os requerimentos serão colocados em
votação. Mas, como há o acordo, a tendência é que as convocações de políticos
não sejam aprovadas pelos membros da CPI. "Eu imagino que não haverá
convocação, que a Comissão priorizará a Petrobrase que a Corregedoria vai
apurar a conduta dos deputados", diz o deputado Leonardo Picciani (RJ),
líder do PMDB.
Para evitar que o núcleo político dos supostos envolvidos na
Lava Jato seja poupado, o PSDB encomendou um estudo "técnico e
político" sobre os casos de cada parlamentar que conta da lista.
A ideia é apresentar a Corregedoria e ao Conselho de Ética uma
relação de parlamentares que tenham os casos mais potencialmente graves. O
principal alvo deve ser o PP, que tem o maior número de políticos na lista.
Duque
O juiz federal Sérgio Moro autorizou que o ex-diretor de
serviços da Petrobra Renato Duque seja levado à capital federal para prestar
depoimento à CPI. Como a Câmara não permite que pessoas presas prestem
depoimentos na Casa, Duque será ouvido na superintendência da Polícia Federal
em Brasília. Ele foi preso na última segunda-feira, 16, na décima fase da Operação
Lava Jato.
Em reunião administrativa realizada hoje, o comando da CPI
estabeleceu um cronograma de novas convocações. Nos próximos dias, serão
ouvidos o representante da SBM Offshore no Brasil Julio Faerman (26 de março),
o ex-gerente-geral da refinaria Abreu e Lima Glauco Legatti (31 de março) e o
novo diretor de Gás e Energia da companhia, Hugo Repsold (7 de abril).

21h14