Alckmin deve participar de reunião entre Lula e Trump para discutir comércio Brasil-EUA

Vice-presidente será peça-chave em diálogo entre Brasil e EUA sobre tarifas e big techs

Lula e Alckmin - 05/08/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 - A reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda não está confirmada, mas já movimenta os bastidores do governo brasileiro. A expectativa é de que o encontro, anunciado por Trump durante discurso na Assembleia Geral da ONU, ocorra por telefone e tenha a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.

De acordo com Malu Gaspar, do jornal O Globo, auxiliares de Lula afirmam que a presença de Alckmin é considerada estratégica para discutir as pautas comerciais. O vice tem atuado como principal interlocutor com o setor empresarial e liderou a elaboração do Plano Brasil Soberano, criado para mitigar os efeitos das tarifas impostas por Washington sobre exportações brasileiras. Além disso, articulou no Congresso a medida provisória que viabilizou o programa e manteve contato direto com autoridades americanas mesmo após as sanções.

Alckmin à frente das negociações comerciais

Nos últimos meses, Alckmin se reuniu com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, tratando do chamado “tarifaço” e da regulação das big techs, tema apontado por Trump como justificativa para as barreiras econômicas. O vice foi um dos poucos integrantes do governo brasileiro a preservar canais abertos com Washington após a escalada das tensões.

Além dele, o chanceler Mauro Vieira esteve em julho em Washington para um encontro com o secretário de Estado, Marco Rubio, que não foi registrado pelo governo americano. Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia agendado reunião com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, mas o compromisso foi cancelado de última hora. No mesmo dia, Bessent recebeu Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Paulo Figueiredo, em encontro amplamente divulgado nas redes sociais.

Dúvidas sobre o formato da reunião

Apesar do anúncio feito por Trump, ainda não há definição sobre o formato da conversa com Lula. Horas após os discursos na ONU, Mauro Vieira afirmou que a ligação seria a opção mais viável diante da “agenda cheia” do presidente brasileiro. Lula, no entanto, não descartou a possibilidade de uma reunião presencial “pública” nos Estados Unidos, caso os assessores de ambos os governos encontrem uma brecha na agenda.

Na última terça-feira (23), Lula e Trump tiveram um breve contato nos bastidores da Assembleia Geral da ONU — o primeiro entre os dois líderes desde o início de seus mandatos. O americano classificou o encontro como positivo: “Nós tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na próxima semana, se isso for de interesse mútuo, mas ele pareceu um bom homem. Na verdade, ele gostou de mim e eu gostei dele”, disse o presidente dos Estados Unidos.
Telefonema visto como medida de cautela

Entre diplomatas em Brasília, a opção por um telefonema é interpretada como uma forma de evitar constrangimentos. Trump já protagonizou situações delicadas em encontros presenciais com outros líderes, como quando expôs o ucraniano Volodymyr Zelensky no Salão Oval da Casa Branca e constrangeu o sul-africano Cyril Ramaphosa com alegações falsas sobre um suposto “genocídio branco”.

Nesse cenário, a participação de Geraldo Alckmin no diálogo direto entre Lula e Donald Trump ganha relevância não apenas pela pauta comercial, mas também como gesto político para blindar o Brasil de incidentes diplomáticos e reforçar a tentativa de destravar as relações econômicas entre os dois países.

Por brasil247.com
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