63 anos de história: Acre celebra aniversário com hasteamento da bandeira, desfile cívico-militar e menção a Chico Mendes


Foto: Sérgio Vale

O governo do Acre realizou na tarde deste domingo (15) uma solenidade em comemoração aos 63 anos de elevação do estado à categoria de Estado da Federação. O evento foi realizado no Calçadão da Gameleira, no Segundo Distrito de Rio Branco, e reuniu autoridades civis e militares, estudantes de colégios militares, músicos, representantes de instituições públicas e a população em geral.

A programação incluiu o hasteamento da bandeira do Acre, execução do Hino Acreano, um desfile cívico-militar e entrega de outorgas, que prestou homenagem à trajetória do estado desde sua emancipação política. A celebração destacou a importância da data para a identidade e o desenvolvimento do Acre.

A criação do Estado do Acre foi oficializada em 15 de junho de 1962, por meio de uma lei sancionada pelo então presidente da República, João Goulart, após proposta apresentada pelo deputado federal José Guiomard dos Santos. Até então, o Acre era considerado um território federal e tinha seus governadores nomeados diretamente pela Presidência da República. A primeira eleição para governador só ocorreu em outubro de 1962, elegendo o historiador José Augusto de Araújo como o primeiro chefe do Executivo estadual eleito pelo povo.

Foto: Sérgio Vale/ac24horas

Governador Gladson Cameli destaca legado de desenvolvimento, união e respeito no aniversário de 63 anos do Acre

No ato solene em comemoração aos 63 anos de elevação do Acre à categoria de Estado, o governador Gladson Cameli reforçou o compromisso de sua gestão com o fortalecimento da democracia, o respeito à diversidade e o desenvolvimento social e econômico do estado. Em seu discurso, Cameli destacou que o principal legado que pretende deixar é o cuidado com o presente para garantir um futuro melhor.

“Quero homenagear todos que colaboraram com o desenvolvimento do Acre, reafirmando nosso compromisso com a democracia, a liberdade de expressão e o respeito às opiniões”, afirmou. Para o governador, o momento é de reconhecer o quanto ainda há a ser feito, mas também de valorizar a união e a gratidão de um povo guerreiro e acolhedor. “Temos exemplos que nos representam nacionalmente, como Chico Mendes. Precisamos continuar avançando, unidos e determinados”, completou.

Cameli projetou um ano de grandes realizações. Com a chegada do verão, o foco será a execução de obras em todo o estado. “É um ano de fazer, de não perder tempo. Vamos intensificar ações no interior, de Marechal Thaumaturgo a Assis Brasil, passando por Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Nosso objetivo é diminuir as dificuldades e aumentar as esperanças”, destacou.

Cameli agradeceu à imprensa, expressou sua emoção por estar há seis anos à frente do Palácio Rio Branco e parabenizou o povo acreano. “Cada dia é um novo desafio e uma nova oportunidade de cumprir nossa missão, que é cuidar das pessoas. Feliz aniversário, Acre! São 63 anos de luta, história e esperança no futuro”, declarou.

O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), reforçou a importância do agronegócio para o desenvolvimento econômico da região e defendeu medidas que favoreçam a atividade produtiva no estado. “Ainda somos um estado jovem, mas pujante, com um enorme potencial, especialmente na área agrícola e no agronegócio”, afirmou o prefeito. Segundo ele, o atual governo estadual, liderado por Gladson Cameli, tem atuado para destravar o setor e impulsionar a economia local. “Estamos vendo a soja se consolidar como o principal produto de exportação. E o que precisamos é de dinheiro novo circulando. Tenho certeza de que o Acre vai dar um grande salto.”

Bocalom também destacou a necessidade de garantir melhores condições de vida à população por meio da geração de emprego e renda. “Para ter qualidade de vida, é preciso dinheiro, e para isso é necessário trabalhar. Precisamos permitir que o povo produza, e não travá-lo com burocracias ou entraves”, disse, citando como exemplo recente o impasse envolvendo produtores na Reserva Chico Mendes.

“Fico muito triste com essas situações. O ser humano precisa sobreviver, precisa ganhar dinheiro com dignidade. Espero em Deus que esses obstáculos sejam superados e que possamos seguir avançando”, finalizou o prefeito.

O presidente da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), deputado Nicolau Júnior, ressaltou o orgulho de ser acreano e reforçou o apelo por mais atenção por parte do governo federal às necessidades do estado.

“Graças a Deus, não é a primeira vez que participo desse ato. Tenho muito orgulho do nosso estado, de suas origens e da luta do povo acreano para fazer parte do território brasileiro”, declarou o parlamentar.

Nicolau enfatizou que o Acre é um estado formado por pessoas trabalhadoras, comprometidas com o desenvolvimento regional e que merecem reconhecimento nacional. “Sempre digo: o Acre é o único estado do Brasil que precisou lutar para ser brasileiro. Por isso, precisamos de atenção especial não só de outros estados, mas principalmente do governo federal”, afirmou.

O presidente da Aleac também pontuou a responsabilidade ambiental que recai sobre a população acreana, localizada no coração da Amazônia, e pediu equilíbrio entre preservação e desenvolvimento. “Queremos preservar a Amazônia, claro, mas também precisamos sobreviver, trabalhar, ter emprego e dignidade. É fundamental que países estrangeiros e o governo federal compreendam isso”, explicou.

A trajetória do Acre: do território disputado à conquista da autonomia como Estado da Federação

O Acre carrega em sua história a marca da luta por autonomia e identidade própria. Conhecido como “o território que lutou para ser estado” e também como “o estado que lutou pela preservação da floresta”, especialmente em tempos de avanço da política agrícola durante a Ditadura Militar, o Acre consolidou uma trajetória de resistência e afirmação dentro do cenário nacional.

Após o fim da Revolução Acreana, a expectativa dos moradores e líderes locais era de que o Acre fosse elevado à condição de estado ou, ao menos, fosse incorporado ao Amazonas, com quem mantinha laços comerciais e logísticos por meio da produção da borracha. No entanto, uma decisão surpreendente alterou o curso dessa história: o presidente Rodrigues Alves optou por transformar a região em território federal, mantendo-a sob controle direto da União.

A anexação oficial do Acre ao Brasil foi estabelecida pelo Tratado de Petrópolis, assinado em 17 de novembro de 1903, selando o acordo entre Brasil e Bolívia após anos de conflitos e disputas territoriais. Com a criação do território federal em 1904, o Acre foi dividido em três departamentos administrativos: Alto Acre, Alto Purus e Alto Juruá. Cada departamento passou a ser governado por um prefeito departamental, nomeado diretamente pela Presidência da República. No caso do Vale do Acre, a disputa pela capital ficou entre Xapuri e a então chamada Volta da Empreza, posteriormente batizada de Rio Branco, que foi escolhida como sede administrativa.

Durante as décadas seguintes, o Acre permaneceu sob forte influência do governo federal, com decisões administrativas e políticas centralizadas em Brasília. Entre 1910 e 1960, os governadores acreanos eram escolhidos diretamente pelo presidente da República, sem participação popular. Esse cenário só começou a mudar com a mobilização política liderada por figuras locais.

A grande virada ocorreu em 1962, quando foi finalmente aprovado o Projeto de Lei nº 4.070, de autoria do deputado federal José Guiomard dos Santos — ele mesmo um ex-governador indicado pela União. Aprovada no Congresso Nacional e sancionada pelo então presidente João Goulart, a lei oficializou a elevação do Acre à categoria de Estado, encerrando um longo ciclo de subordinação e iniciando uma nova fase de autonomia política.

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Fonte: ac24horas.com
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