ÍNDIO DO ACRE É APROVADO EM MEDICINA



Kaxinawá Ornaldo Ibã espera apoio da Funai e do governo do Acre para cursar Universidade Federal de São Carlos


Um jovem indígena de 22 anos foi aprovado para cursar Medicina na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior de São Paulo, mas sabe que vai enfrentar muita dificuldade para se manter com uma bolsa-auxílio da Fundação Nacional do Índio (Funai), no valor de R$ 250,00, cuja aprovação ainda está sendo analisada pela burocracia estatal.

Ornaldo Baltazar Sena Ibã, da etnia hunikuin (homem verdadeiro), também conhecida como kaxinawá, é filho do pajé e agente de saúde Francisco Sereno Sena, da aldeia Novo Segredo, em Jordão (AC), considerado um dos municípios mais isolados e pobres do país.

O jovem indígena contou com o apoio da família do “nawá” (branco) Carlos Freire, cujas filhas Fátima e Graziela compraram a passagem dele de avião, do Acre até São Paulo, para que pudesse se matricular na UFSCar.

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Filho de uma família pobre, Ornaldo conta que a família Freire continua a ajudá-lo na medida do possível. Em São Carlos, onde aguarda ansioso o dia 27 de março, data do início das aulas, ele tem recorrido a amigos na tentativa de sensibilizar o governo do Acre ou a prefeitura de Jordão a lhe conceder uma bolsa de estudo.

Ornaldo aceita qualquer tipo ajuda que possa contribuir para a permanência dele na UFSCar, pois terá despesas com alimentação, livros e instrumentos do curso de Medicina.

- Também preciso, de vez em quando, ir visitar a minha família no Acre. A minha situação aqui é estável. Estou morando no alojamento da Universidade, almoço e janto grátis, de segunda-feira a sexta. Mas, nos finais de semana, tenho que arcar com as minhas despesas. Acho que tenho direito de pedir apoio do governo estadual como estudante acreano e por ser indígena. Pretendo voltar formado para trabalhar por melhorias na saúde pública e atender especialmente à comunidade indígena - disse o indígena.

Ornaldo Ibã é o quinto indígena do Acre a cursar Medicina. Em Cuba estudam duas jovens da etnia yawanawa, além de outros dois jovens kaxinawá.

- O governador do Acre, Tião Viana, é médico infectologista e conhece como ninguém a realidade da saúde das populações indígenas. O governador tem pregado a humanização da saúde no Estado e por isso acredito que ele se sensibilizará com a minha situação. Quero me formar para servir a meu povo. É este o meu compromisso - afirma.

Veja os melhores trechos da entrevista com Ornaldo Baltazar Sena Ibã no Blog da Amazônia.
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