Além disso, os professores ficaram quase um milhão de dias longe das salas de aula no período de nove meses

Créditos: Reprodução de vídeo / Rede X
Sob o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), o estado de São Paulo registrou 25,699 licenças médicas de professores da rede estadual por transtornos mentais e comportamentais entre janeiro e setembro de 2025 — um ritmo de 95 afastamentos por dia, de acordo com o levantamento exclusivo do Centro do Professorado Paulista (CPP). Os docentes ficaram 911.634 de dias longe das salas de aula nesse período, com 35 dias de afastamento em média por licença, número que expõe uma crise de saúde mental crescente na categoria.
O avanço do adoecimento mental entre professores da rede estadual paulista acende um alerta sobre o impacto das políticas educacionais do governo Tarcísio de Freitas, marcado por planos de redução de salas de aula, aumento da carga administrativa e mudanças estruturais que, segundo entidades, aprofundam a sobrecarga e a pressão sobre os docentes.
Esses dados revelam que as longas jornadas de trabalho, múltiplas instituições de ensino atendidas, violência, desvalorização e cobrança constante estão entre os principais fatores de estresse, segundo o diretor-geral administrativo do CPP, Alessandro Soares.
“Esses números são um grito de alerta. O professor está adoecendo a cada dia”, afirma Alessandro Soares. “O sofrimento emocional dos professores é estrutural. Ele nasce da precarização e da solidão no trabalho docente. Não há cuidado psicológico suficiente, nem tempo para o professor cuidar de si. Por isso, é de suma importância a ampliação do suporte psicológico aos profissionais da educação, uma vez que a manutenção desse cenário compromete não apenas o bem-estar dos professores, mas também a qualidade do ensino e o futuro dos estudantes”, continua.
O presidente do CPP, Sílvio dos Santos Martins, explicou à Fórum que houve uma aceleração na desvalorização dos professores ao longo do tempo, principalmente em detrimento das recentes políticas adotadas pela secretaria de Educação paulista, como a redução das salas e da carga horária, que impactam diretamente na estafa mental e no salário dos docentes estaduais - já que São Paulo é um dos estados que paga abaixo do piso salarial se desconsiderado o abono.
"Esse é o caso que temos. É uma realidade difícil, porque se você não tem segurança, estabilidade, você fica por conta dos superiores, daqueles que direcionam e consequentemente isso dá preocupação, é uma sobrecarga na vida do professor. Quando se tem estabilidade, se tem concurso sempre, isso não acontece. O professor tinha, mas não era nesse nível e não eram essas as causas principais", explica o presidente do CPP, Silvio. "Hoje está desvalorizado tanto funcionalmente quanto salarialmente, o estado de SP não paga nem o piso federal", complementa.
Capital concentra metade dos casos
A cidade de São Paulo lidera os afastamentos, com 13.534 licenças no período — média de 49 por dia. Logo depois aparecem:Campinas: 3.356 afastamentos (12 por dia)
São José dos Campos: 1.582 afastamentos (6 por dia)
A amplitude dos números, presentes em todas as regiões administrativas, indica que o adoecimento tem natureza estrutural e não se limita a localidades de maior pressão escolar.
Violência, sobrecarga e falta de suporte agravam cenário
De acordo com o CPP, o quadro de sofrimento emocional se intensificou nos últimos anos devido a fatores como:Salas superlotadas
Aumento de tarefas burocráticas
Falta de equipes de suporte psicossocial
Casos recorrentes de violência dentro das escolas
Sensação de isolamento e falta de políticas preventivas
Governo Tarcísio x professores
Além do avanço das licenças por adoecimento, o cenário contrasta com o plano do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) de reduzir o número de salas de aula na rede estadual, por meio de reorganizações escolares e fechamento de turmas com baixa demanda — medida que especialistas e entidades consideram potencialmente agravante da sobrecarga docente.
A diminuição de salas, segundo sindicatos, tende a ampliar o tamanho das turmas remanescentes, aumentando a pressão sobre professores já exaustos e afetando diretamente a qualidade do ensino, justamente em um momento em que os indicadores de saúde mental da categoria estão em patamar crítico.
CPP: quase um século de atuação
Fundado em 1930, o Centro do Professorado Paulista (CPP) representa mais de 75 mil professores da rede estadual. A entidade mantém 89 sedes no estado, oferece suporte jurídico e atendimento médico e odontológico, além de cursos, formações e atividades de bem-estar e lazer.
Fonte: revistaforum.com.br