“Número de casos suspeitos deve aumentar”, diz Padilha sobre intoxicações por metanol


São Paulo registra 22 ocorrências relacionadas à substância, sendo sete confirmadas e 15 em investigação

Rio de Janeiro (RJ), 02/09/2025 - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

247 - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta quarta-feira (1º) que o número de casos suspeitos de intoxicação por metanol deve crescer nos próximos dias, diante do reforço do sistema de vigilância nacional. A declaração foi dada em entrevista à CNN, em meio ao avanço das investigações sobre a presença da substância em bebidas adulteradas e ao temor de que a crise ultrapasse fronteiras estaduais.

A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar se a distribuição irregular de metanol e a atuação de organizações criminosas podem ter caráter nacional. Padilha destacou que profissionais de saúde foram instruídos a comunicar imediatamente as coordenações estaduais diante de qualquer indício de contaminação. “O reforço dado pelo Ministério da Saúde no nosso sistema de vigilância vai nesse sentido de chamar a atenção dos profissionais de saúde, que estão lá na ponta, que atendem os casos, que aumentem o número de notificação de casos suspeitos. Esse é o esforço”, declarou.

Sintomas e protocolos médicos

O ministro ressaltou que equipes médicas foram orientadas a estar atentas a pacientes com sintomas como náuseas, cólicas e alterações visuais, que podem estar associados ao metanol. “O Ministério da Saúde tem um protocolo para suspeitas de intoxicação endógena, mas fizemos uma nota específica, com os dados do metanol, para facilitar o acesso aos profissionais. Nossa expectativa é que isso aumente a atenção também dos cidadãos”, explicou Padilha.

Atualmente, São Paulo registra 22 ocorrências relacionadas à substância, sendo sete confirmadas e 15 em investigação. Apenas em setembro, o número de vítimas no estado correspondeu a metade da média anual registrada em todo o Brasil, um quadro classificado pelo ministro como “uma situação anormal”.

Mortes e interdições

Até a última terça-feira (30), São Paulo contabilizava cinco mortes suspeitas, além de dois óbitos e um caso de perda parcial da visão em Pernambuco. Em resposta, autoridades paulistas interditaram bares na capital e no ABC, além de uma fábrica clandestina em Americana, onde foram apreendidos mais de 18 mil itens. Em um dos casos mais graves, a designer de interiores Radharani Domingos, de 43 anos, perdeu a visão após consumir caipirinhas em um bar no bairro dos Jardins.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), criou um gabinete de crise para coordenar as ações estaduais. Ele afirmou que até o momento não há indícios de ligação direta entre os responsáveis pelas destilarias ilegais e facções criminosas. Já o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, lembrou que operações recentes identificaram o uso de metanol em esquemas ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), e que a nova investigação deve apurar possíveis conexões.
Medidas preventivas e temor social

O impacto da crise se estendeu para o setor de lazer e entretenimento em São Paulo. Clubes tradicionais, como Hebraica, Paulistano, SPAC e Sírio, suspenderam a venda de bebidas destiladas. Nas redes sociais, bares e restaurantes têm publicado comunicados ressaltando a compra de bebidas apenas de fornecedores oficiais.

A preocupação também atinge o setor hospitalar. O Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), da Unicamp, alertou para o risco de falta de antídotos contra o metanol, como etanol puro e fomepizol. Segundo o coordenador do centro, Fabio Bucharetti, em situações emergenciais pode ser necessário recorrer ao uso de bebidas destiladas por sonda até que o antídoto esteja disponível. “Pouca gente tem estoque em hospital. Muitas vezes a alternativa é utilizar uma bebida destilada por sonda até ter o antídoto. É o que recomendamos em algumas situações”, disse.

fonte: https://www.brasil247.com/
Postar um comentário (0)
Postagem Anterior Próxima Postagem