
Foto: Sérgio Vale
No último dia da Expoacre 2025, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, concedeu uma entrevista ao jornalista Itaan Arruda do ac24agro neste domingo, 03, abordando os impactos da recente sobretaxa imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros e reforçando a necessidade de um posicionamento pragmático nas relações comerciais.
Ao lado de empresários acreanos como Luiz Fernando e Murilo, do setor de carnes, Viana fez questão de destacar os avanços obtidos com a abertura de novos mercados, o fortalecimento das exportações e o trabalho da Apex no cenário internacional.
“Eu estou aqui com o Luiz Fernando, o Murilo, que são exportadores, pessoas que lideram empresas importantes. E eu faço parte desse ecossistema brasileiro que trabalha com as exportações e a atração de investimentos. Essa tua pergunta é interessante, porque esse tema está muito carregado por questões ideológicas. E eu sou muito pragmático”, afirmou Viana.
Segundo o presidente da Apex, desde que assumiu o cargo, tem buscado construir pontes com todos os setores da economia, deixando ideologias de lado em prol dos interesses do país. “Negócios à parte. Desde que eu cheguei na Apex, eu fiz amizade com todos os setores. Trabalhamos com 52 setores da economia. Os princípios a gente mantém sempre, mas os negócios do país vêm em primeiro lugar”, disse.
Jorge Viana comentou os efeitos da tarifa de 10% imposta durante o governo Trump e a recente proposta de aumento para até 50%, que afeta diretamente setores como o de carnes, café e suco de laranja.
“Uma tarifa de 10% já pode viabilizar a exportação. Agora estamos falando de 50%. Graças a Deus, só 35% do que o Brasil exporta para os Estados Unidos ainda está sob essa sobretaxa. Já tiramos 65%”, explicou.
“Infelizmente, tem gente misturando problema judicial com os negócios do Brasil. Isso é péssimo. Trabalhar contra o país, independente do que dizem”, criticou, em referência a Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro em controvérsias jurídicas e que, segundo ele, atuam contra os interesses nacionais nos EUA.
Viana também celebrou a recente sinalização positiva do ex-presidente Donald Trump, que declarou estar disposto a dialogar com o presidente Lula. “Isso é um sinal positivo. Da última entrevista para cá, a situação já melhorou muito”, ressaltou.
Viana usou o exemplo da cadeia produtiva da carne e do café para mostrar como os EUA dependem do Brasil. “Os EUA importavam 60 mil toneladas de carne. Ano passado foram 400 mil. Isso gerou uma inflação de 14% em dólar. Uma loucura. Eles não têm como suprir essa demanda sem o Brasil”, pontuou.

Foto: Sérgio Vale
O presidente da Apex também fez críticas à lógica colonial de exportação de produtos in natura e à agregação de valor feita somente fora do Brasil. “A gente exporta mel em tonelada de 250 quilos e eles vendem em sachê. Exportamos suco de laranja como petróleo em navios. Eles transformam em copinhos, faturam bilhões. Isso é o que eles querem taxar e isso vai prejudicar muitas empresas americanas e eu acredito que isso vai sair”, destacou.
Durante a entrevista, Jorge Viana destacou o impacto positivo da abertura de novos mercados no valor das plantas frigoríficas. “Se o Frigo Nosso for habilitado para a China, vale o dobro no dia seguinte. Hoje a Dom Porquito vale cinco vezes mais que no ano passado. E vai crescer mais com Chile, México e Japão. Hoje temos dez mercados abertos. É fundamental diversificar”, disse Jorge Viana.
Viana também ressaltou o papel da diplomacia econômica promovida pelo presidente Lula, comparando as relações com China e EUA. “A China é o maior parceiro comercial. Mas o melhor é os Estados Unidos. Com a China, exportamos três produtos. Com os EUA, são dezenas, e com maior rentabilidade”, ressaltou.
O petista finalizou a entrevista reiterando a importância do pragmatismo e da articulação internacional. “Temos que sair das cascas de banana e se equilibrar no fio da navalha. O que nos interessa é o comércio do Brasil com os Estados Unidos”, destacou.
Ao falar da relação comercial, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, afirmou que “o melhor acordo comercial que tem é quando todos saem razoavelmente bem insatisfeitos. Um pouco de insatisfação”. Segundo ele, nas negociações, é preciso haver equilíbrio para evitar que uma parte saia demasiadamente prejudicada.
“Se um ganha, o outro perdeu muito. E aí, nessa luta, tinha que ter um equilíbrio. E entra o governo e diz: calma, gente, esse vai estar ganhando agora, você vai estar ganhando dali pra frente”, explicou Viana.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, afirmou que a vinda do presidente Lula ao Acre deve ter como foco o desenvolvimento da região, com ações concretas voltadas à infraestrutura, geração de empregos e apoio à atividade produtiva.
“O presidente vem pra uma agenda que a gente quer transformar numa agenda ligada à atividade produtiva, à geração do emprego, à infraestrutura no Acre. Então não dá pro presidente vir aqui, a BR-364, na tragédia que tá vivendo ainda, a BR-317 já melhorou muito, e não ter um caminho pra isso, o presidente vai tratar disso. Vou estar ajudando a organizar essa agenda, modéstia à parte, com a minha experiência de senador, de ex-governador e prefeito, eu posso ajudar nisso”, pontuou.
Por fim, o presidente da ApexBrasil classificou a visita presidencial como uma oportunidade de destravar entraves históricos do estado e fez um apelo pela união. “Por mim, assim, eu diria que é uma oportunidade da gente destravar alguns gargalos, que são a base do crescimento econômico do Acre. Em vez de ficar jogando pedra, porque o Acre tá assim, tá abandonado, tem gente indo embora, eu acho que todo mundo tem que somar força pra gente ver se ajuda a destravar alguns nós. É nessa que eu tô”, finalizou.
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Por ac24horas.com