Único consenso do encontro foi a decisão do PT de apoiar o
candidato da família Sarney no Maranhão
BRASÍLIA - Em reunião de mais de quatro horas com a presidente
Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a cúpula do PMDB
fez um apelo para que o PT permaneça no governo de Sérgio Cabral até março e
evite o rompimento imediato. Mas o impasse permanece. O único consenso do
encontro foi a decisão do PT de apoiar o candidato da família Sarney no
Maranhão. Os petistas estarão ao lado do candidato da governadora Roseana
Sarney, o atual secretário de Infraestrutura, Luis Fernando Silva, abandonando
apoio a Flavio Dino, candidato ao governo do Estado pelo PCdoB.
Na saída da reunião, realizada neste sábado na Granja do Torto,
uma das residências oficiais da presidente da República, o presidente nacional
do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), disse que a divisão entre PT e PMDB no Rio
de Janeiro só "prejudicará os dois partidos, os dois candidatos". O
apelo para que o PT não rompa agora foi feito pelo vice-presidente Michel Temer
e por toda a cúpula do partido.
Além de Dilma, Lula e Temer, participaram os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); o senador Valdir Raupp; o presidente nacional do PT, Rui Falcão; o senador José Sarney (PMDB-AP), o presidente do PT de São Paulo, Edinho Silva, e o ministro da Educação, Aloisio Mercadante.
O PT quer deixar o governo Cabral, devido à candidatura do
senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ao Palácio da Guanabara. Já o PMDB lançou o
atual vice-governador Luiz Fernando "Pezão".
O comando nacional do PT vinha segurando o rompimento. Mas o
desgaste do governo Cabral com as manifestações de rua precipitou a questão
eleitoral. Além disso, as pesquisas mostram a força dos candidatos evangélicos:
o líder do PR na Câmara, deputado Anthony Garotinho (RJ), e do ministro da
Pesca, Marcelo Crivella.
- Teve esse apelo, por parte do presidente Michel Temer, e de
todos nós, para que o PT continue na aliança até pelo menos março do ano que
vem, para ver o que acontece até março. O Rio de Janeiro, acho que tem de dar
um tempo. Porque está muito claro que a divisão do PMDB e do PT poderá
prejudicar as duas candidaturas. Isso já está acontecendo nas pesquisas de
intenção de votos que tem sido feitas - disse Raupp.
De acordo com o parlamentar, que ainda haverá conversas neste
final de semana com o PT do Rio de Janeiro.
- Não está decidido não (sobre a permanência do PT). Esse foi o
apelo feito. Mas ainda não há certeza, vai ser conversado com o PT do RJ, para
que, dentro do possível, segurar até março. Acho que tem de dar tempo ao tempo.
E o tempo é o senhor da razão que vai se encarregar do Rio de Janeiro e de
outros estados também - completou.
O senador disse que este foi o terceiro encontro para discutir
palanques eleitorais nos estados e que houve avanços. Com a questão do Maranhão
definida, ainda falta acertar os palanques no Rio, em Minas Gerais, na Paraíba
e no Ceará.
- Avançou bastante. A cada reunião, essa é a terceira rodada de
reuniões, que nós estamos fazendo. Vão ter outras com certeza absoluta. Teremos
de sentar outras vezes. Nesse caso do Maranhão a questão já foi resolvida -
disse ele.
Ele afirmou que a aliança nacional para a reeleição da
presidente Dilma Rousseff está "consolidada" e que o comportamento de
Dilma nos estados onde houver mais de um candidato da base ainda será
definido.
- O mais importante é a aliança nacional. Essa aliança já está
está sólida. Vai ter lugar que vai ter até três ou quatro (palanques). Essa é
uma questão que vai ser decidida mais na frente, se vai ter neutralidade em
alguns estados, se vai participar de dois ou três palanques, se vai gravar para
dois ou três candidatos - disse Raupp.
O presidente nacional do PMDB disse que a questão em Minas
Gerais está "encaminhada". Lá, pode haver dois candidatos: Fernando
Pimentel, pelo PT, e outro do PMDB.
Raupp disse que, conforme os entendimentos dos palanques, o PMDB
poderá desistir da pré-convenção de março. Ele acrescentou que Dilma está
crescendo nas pesquisa se que Lula continua transferindo votos.
Dilma
pede apoio do PP
Depois de se reunir com a cúpula do PMDB por mais de quatro
horas até o início da tarde deste sábado, a presidente Dilma Rousseff se reuniu
por mais de duas horas com integrantes do PP e pediu ao partido apoio à sua
reeleição, mesmo em estados onde a sigla tiver candidato adversário ao PT. Essa
será a situação no Rio Grande do Sul, por exemplo. O líder do PP na Câmara,
deputado Eduardo da Fonte (PE), disse que Dilma quer o apoio em qualquer
situação. Ele disse que o partido vai construir estes acordos com os próprios
candidatos. Segundo assessores, o ex-presidente Lula permanecia na Granja do
Torto, onde também participou das reuniões partidárias.
Dilma
se reuniu ainda com o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e
com o ministro das Cidades, Agnaldo Ribeiro. O PP terá candidatura forte no Rio
Grande do Sul, com a senadora Ana Amélia disputando o governo do Estado, em
oposição ao petista Tarso Genro, que tentará a reeleição. Outro estado que foi
analisado foi Minas Gerais.
- A
presidente pediu que, quando não houver um único palanque, os dois candidatos
dêem apoio a ela. E vamos iniciar este processo de construção dentro do
partido. Fizemos um levantamento do quadro dos palanques de Estado por Estado -
disse Eduardo da Fonte.
Segundo
ele, há problemas de não fechar com o PT e ter candidatura própria ou se aliar
a adversários no Rio Grande do Sul, Tocantins, Mato Grosso, Alagoas, Amazonas e
Minas Gerais.
Também
participaram do encontro o presidente nacional do PT, Rui Falcão, e o ministro
da Educação, Aloísio Mercadante.
Neste
sábado, Dilma, candidata à reeleição, deflagrou as reuniões com os partidos
sobre eleições de 2014.